TÚNEIS DE CURITIBA E AS LENDAS DE TESOURO PIRATA!

História

Curitiba

O mistério dos túneis das Mercês

Professor da UFPR divulga fotos inéditas dos túneis que existiram no bairro. Elas foram tiradas em 1962
Publicado em 10/04/2010 | Pollianna Milan - historia@gazetadopovo.com.br
Não é mais lenda. No bairro Mercês, em Curitiba, existiram túneis “secretos” que tinham, inclusive, fogão a lenha e prateleiras feitas de tijolos. A prova da verdade são as fotos do professor e arquiteto Key Imaguire e do irmão dele, José Fernando Imaguire. Elas foram tiradas em 1962 e estavam guardadas até então. As imagens são, atualmente, a única prova concreta de que Curitiba teve túneis, pelo menos nas Mercês. Resta agora saber qual era a finalidade deles. E para isso, histórias (sem comprovação alguma) não faltam.
O professor Key Imaguire, da Universidade Federal do Paraná, acredita em uma hipótese que seria a mais aceitável: a de que doentes leprosos fizeram o túnel para se esconder de uma possível perseguição. Na História do Paraná não há registros de que pessoas com hanseníase foram perseguidas a ponto de terem de fugir. O fato de ter existido, na região, um hospital de leprosos, porém, faz com que a teoria de Key possa estar certa. “No local onde estava o alçapão que dava acesso ao túnel, havia uma casa de madeira que era ocupada por doentes infectados. Quando fui ao local com meu irmão para fazermos as fotos, a residência estava destruída. Mas o túnel continuava lá, mesmo que interrompido depois de uns poucos metros”, diz. O túnel teria sido conservado até 1926, segundo Key. Depois disso, o hospital foi transferido para Piraquara e o local teria ficado sem utilidade alguma.
O pirata: Tesouro escondido sob a terra
A maior lenda que se criou em torno dos túneis das Mercês envolve um pirata de nome Sulmmers que acabou sendo chamado pelos brasileiros de Zulmiro. Dizem que esse pirata britânico veio parar por aqui, sabe-se lá porquê, e teria sido dono de algumas terras nas proximidades do Bosque Gutierrez. Aproveitou os túneis existentes na região (que alguém teria construído) para esconder sua riqueza. Essa história já deu o que falar e há quem tenha escavado (e até destruído parte dos túneis) em busca do “tesouro perdido”. Até hoje nunca foi encontrado nada, nem mesmo um documento que comprove a existência de Sulmmers por aquelas bandas.
Ligações subterrâneas não confirmadas
Há pelo menos três anos, sob o Clube Concórdia de Curitiba, foi descoberto um provável túnel que ligaria o antigo clube de música dos alemães à Ca­­tedral Metropolitana de Curi­­tiba. Seria usado no caso de uma perseguição aos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Muito se falou depois da notícia, mas nada foi efetivamente comprovado.
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A técnica construtiva usada no túnel impressionou o arquiteto. As paredes e o teto eram feitos de tijolo maciço. Todo o teto acompanhava o formato de abóbadas (parecido com o do reservatório de água São Fran­cisco), o que comprova que quem construiu sabia o que estava fazendo. “Se o teto fosse reto não aguentaria a pressão da terra e desmoronaria”, explica Key. Para ter acesso ao túnel era preciso entrar no que era o porão da casa de madeira. Key conta que, logo depois de abrir o alçapão, apareciam as escadas que davam acesso à passagem estreita. Andando pouco mais de dois metros, ele chegou a uma sala maior onde era possível ficar em pé. Ali foram encontradas espécies de prateleiras e o que parecia ser um fogão a lenha. No pátio da casa, na época, havia uma chaminé que dava a impressão de estar plantada na terra. Ela deveria ser deste fogão, mas foi cimentada com o passar dos anos.
Logo depois da sala subterrânea havia mais um pedaço pequeno de corredor e uma parede de tijolos que Key lembra ser muito mais nova que o resto do túnel. “Provavelmente esta parede foi feita para fechar a passagem que, até hoje, não se sabe para onde iria”, diz. A sala subterrânea (que tinha cerca de 3x5 metros) poderia ser um local para ser usado como moradia em caso de emergência. A entrada do túnel estaria nas proximidades do que hoje é a Rua Roberto Barrozo, quase esquina com a Jacarezinho.
O morador Walter Mazurik, que vive há 40 anos próximo do Bosque Gutierrez, afirma ter brincado, quando criança, no túnel fotografado. “Descíamos um corredor e chegávamos a uma sala maior. Mas íamos lá só para brincar e assustar os amigos. Não me lembro dos detalhes.” Ele afirma que chegou a ter contato com o antigo proprietário do terreno onde estaria o alçapão. “Há uns dez anos ele fez, do início do túnel, uma adega, porque lá era gelado. Mas acho que hoje não existe mais nada”, diz.
Lendas
Outras suposições sobre a origem dos túneis das Mercês envolvem histórias macabras e até bizarras – elas também não têm nenhuma comprovação científica. Uma delas é a crença de que no final do túnel haveria um crematório que era usado pelo pessoal do hospital para incinerar os corpos dos que morreram de hanseníase. Para que os corpos infectados não fossem transportados pela cidade (infectando os outros), eles iriam pelos túneis. Há ainda quem acredite que os jesuítas – em uma breve passagem por Curitiba – teriam feito os túneis para poder circular por Curitiba sem serem vistos. Key elimina totalmente esta versão porque ele diz que os jesuítas nunca chegaram a Curitiba e foram expulsos do Brasil por volta de 1759. Como os jesuítas tinham uma técnica apurada para fazer túneis (deixaram vestígios em outros países latinoamericanos), acredita-se que todo túnel construído era deles.
O professor também não dá créditos para a possibilidade de os túneis terem sido feitos por imigrantes alemães, italianos ou outros povos perseguidos durante a Segunda Guerra Mundial, porque as perseguições aconteceram de maneira inesperada, o que impossibilitaria um planejamento com tempo para a construção de um túnel de tamanha complexidade.
Para pesquisadores que estudaram os leprosários de Curitiba, a história dos túneis também soa estranha, pois os doentes que ficaram na região das Mercês normalmente estavam em estado terminal, por isso não teriam forças para fazer tais construções. “É difícil investigar, porque a maioria do pessoal que viveu esta época já morreu”, admite Key. Resta saber se alguém se atreveria a escavar o bairro Mercês em busca de mais vestígios – é óbvio que, para isso, seria necessário destruir muitas quadras e, talvez, em vão. O caminho dos túneis provavelmente está soterrado por causa das intervenções urbanas. Restam apenas as fotos.
* * * * *
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O mistério do Túnel do Vista Alegre

Construção subterrânea no Vista Alegre alimentou a imaginação de crianças e adultos durante gerações

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Quem foi criança no Vista Alegre das Mercês até o final dos na os 70 tinha um local perfeito para exercitar a curiosidade e o espírito  de aventura. Era só ir até a chácara da família Gutierrez, um amplo espaço todo cercado por área nativa e que em parte daria lugar décadas depois ao Bosque Gutierrez. Ali onde hoje é o cruzamento das ruas  Amapá e Andre Zanetti, havia a entrada de um misterioso túnel. Os mais corajosos chegavam a entrar na sombria construção subterrânea e percorriam o que conseguiam. A maioria, porém, só ouvia as histórias que se contavam sobre quem teria feito o túnel. Essas narrações que incluíam padres jesuítas, leprosos e até um pirata passaram de geração a geração. Até hoje várias dessas versões estão vivas entre moradores mais antigos. E até hoje não se sabe com certeza quem o fez e qual seria sua função.

A versão mais plausível é a do historiador e professor aposentado do curso de  Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná Key Imaguire Júnior. Ele também é o autor das únicas fotos conhecidastunel_passagens_estreitas
feitas no interior do túnel. Hoje morador das Mercês, Key passou sua infância no Vista Alegre. Além de dentista, seu pai era fotógrafo e foi com a sua Yashica 700 que o menino fez o registro em 1962.
Segundo ele, nessa época havia ali a base de uma pequena casa em cujo porão havia um alçapão. Por uma passagem estreita escavada na terra rastejava-se por 6 a 8 metros até uma ampla sala abobadada com cerca de dois metros de altura toda feita em tijolos. Ali havia uma outra passagem, mas fechada por uma parede nova de tijolos. Em uma das extremidades da sala, havia um respiro em forma de chaminé.
Leprosos
Quase 50 anos após essa aventura de criança, Key chegou à conclusão de que a construção foi feita por alguém ligado ao lazareto – local onde eram tratados portadores da hanseníase, ou lepra – que funcionava próximo dali e que foi desativado com a inauguração do Leprosário São Roque, em Piraquara, em 1926.
A hipótese de ter sido feito pelo lendário Pirata Zulmiro para esconder seu tesouro é descartada simplesmente por não haver qualquer registro histórico de tal personagem. E a de que teria sido construído por padres jesuítas para fugirem de perseguidores também não procede. Na época que foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal, em 1760, os jesuítas, no Paraná, só haviam se estabelecido em Paranaguá, onde fundaram um colégio em 1755. Em Curitiba, eles viriam a inaugurar o Colégio Medianeira, no Prado Velho, mas só em 1957. E pergunta-se:  que motivo teriam os religiosos para deixarem seus afazeres educacionais e  virem para uma área da cidade ainda coberta por matas para cavarem um túnel?

Para o professor, a possibilidade de ter sido feito por alguém do lazareto é a mais factível. Na época, os leprosos eram execrados pela população em geral muito mais do que são hoje. Doentes que saiam de seu reduto chegavam a ser apedrejados. Daí não ser impossível ter sido construído para que pudessem se refugiar em caso de algum ataque. Por ser de desenvolvimento lento, a doença não impediria que os doentes pudessem trabalhar normalmente.
Quem construiu


O que mais chama hoje a atenção do arquiteto Key é o sistema construtivo utilizado no teto. Para suportar o peso, ele foi construído em arcos, com o uso de bovedillas, ou seja, vigotes de trilhos transversais ligados por tijolos. Ele explica que esse tipo de construção é muito rara no Brasil, mas comum em países como o Uruguai e a Argentina. Como desde o início do Século XIX o Paraná já tinha relações comerciais com esses países, principalmente com a exportação de erva-mate, é possível que alguém originário de um deles tenha sido diagnosticado com a doença quando estava em Curitiba, foi internado no lazareto, e seja o responsável por fazer ou comandar essa obra.

Ao chegar a essa conclusão, porém, o professor tem uma ponta de decepção. Afinal, como comentou em artigo escrito na Revista Coisa Paralela, da UFPR, “definitivamente, eu preferiria o velho pirata, com seu olho de vidro e sua perna de pau; no canto da sala subterrânea escondendo um baú com a bandeira da caveira, um par de garruchas carregadas e um velhíssimo pergaminho com mapas de ilhas de tesouro”. Infelizmente, não é.

O pirata que viveu e morreu em Curitiba
Curitiba já viveu momentos de grande perturbação, quando surgiu a história de um pirata, que havia transportado, para o planalto, o fruto de suas aventuras marítimas, enterrando, em zona desconhecida, imensos tesouros de ouro e prata.
Em algum lugar desta risonha cidade, o fabuloso tesouro estaria enterrado, desafiando a argúcia, a tenacidade e o destemor das nossos pesquisadores.
Os anos decorreram e ficou a lenda.
Se já não era o assunto obrigatório de todas as conversas, volta e meia, voltava-se a falar no aventureiro e na sua extraordinária riqueza.
Novamente, se movimentaram energia em busca do tesouro e, em face dos insucessos, o assunto caía no esquecimento.
Por volta de 1916, foram descobertas umas galerias subterrâneas, nos terrenos da chácara do Dr. João Gutierrez, nas Mercês.
Essa descoberta assanhou, outra vez, os pesquisadores e já, aí, com maiores elementos, pois, diziam, que nas vizinhanças daquela propriedade, vivera um tipo esquisito, misterioso, mesmo, conhecido pela denominação, muito simples, de O velho da mata – o qual, de tempos a tempos, desaparecia e era visto no litoral, nas proximidades de Guaratuba...
O Velho da Mata deveria ter sido o mesmo pirata Vitoriamario – aventureiro perigoso, que procedia da Ilha da Trindade!
E a imaginação popular procurava reconstruir a cena, por inteiro: O velho da mata – o pirata Vitoriamario - era uma única pessoa.
Ele ia a Guaratuba transportar o tesouro, que ali deixara, fruto de suas tenebrosas piratarias.
O tesouro estivera, antes, na Ilha da Trindade. Aí se concentravam, então, numerosos outros piratas.
Vitoriamario – receoso – decidira abandonar a ilha, no seu veleiro de trágicas aventuras, indo parar na região guaratubana.
Encostado demais à terra, para descarregar a sua presa, a agitação do mar despedaçou a sua frágil embarcação, na praia das Caieiras, ainda, hoje se vê, quando baixa a maré, um casco de navio, todo carcomido.
Muita coisa, entretanto, já estava em terra firme e Vitoriamario tratou de esconder o seu tesouro, sempre perseguido pela idéia de um esbulho...
Com a aparição de estranhos, a sombra que tirava a tranqüilidade do pirata, fê-lo buscar lugares bem distantes da praia.
E a imaginação do povo prossegue, na reconstituição: - O pirata Vitoriamario organizou, então, sua tropa de bestas e, em pesados malotes foi fazendo o transporte para o planalto...
Tais cenas teriam se verificado, em meados do século passado, mas já em uma época pertencente a este século, foi encontrado um roteiro no subterrâneo do velho Colégio dos Jesuítas, de Paranaguá, roteiro – diz a voz popular – feito pelo próprio Pirata Vitoriamario – e, apesar de muito velho, quase ilegível, ainda, permitia que se visse Curitiba – como sítio indicado – para a presença do gigantesco tesouro.
Contam pessoas que viram essa nova época, ter havido um grande reboliço, em Curitiba.
Os mais havidos organizaram uma sociedade, para explorar o tesouro, composto de pedras preciosas, barras de ouro e prata, copiosa coleção de moedas, etc.
A sociedade instalou uma rede de iluminação elétrica, nos subterrâneos das Mercês, ponto que, tudo indicava, devia ser, realmente, o escolhido pelo Pirata, em vista da lenda do velho da mata.
Mas a sociedade, depois de dispensar grandes somas, abandonou as pesquisas. Finalmente, ainda, a voz do povo fala: os trabalhos chegaram a um tal ponto de possibilidades, que o governo do estado interviu, com sua polícia, buscando reivindicar seus direitos, ao fabuloso tesouro...
Talvez, Vitoriamario - que era inglês, fosse o lugar-tenente, do famoso pirata executado em Londres.

1 comentários:

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http://www.youtube.com/watch?v=-nnYEqMNHtQ

0 comentários:

nada como um dia após o outro...

Um dia após o outro é o que prescisamos.Para esquecer."O que tanto esperamos dessa vida"?

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